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Rodrigo Gurgel fala sobre a importância de resgatar a literatura na formação cristã
Escritor, professor e crítico literário foi o convidado da 10ª edição do Lideranças do Amanhã
29Set
2022
“Que emoção enorme conhecer pessoalmente o professor Rodrigo. Acompanho o trabalho dele há muito tempo, quantos ensinamentos”. Assim o advogado Ricardo Kfouri definiu o seu sentimento ao participar do 10º Lideranças do Amanhã, realizado no dia 28 de setembro e que trouxe como convidado especial o escritor, professor e crítico literário Rodrigo Gurgel. Ele brindou os mais de 120 participantes (na palestra presencial e também na on-line) com uma palestra cheia de conteúdo com o tema “Resgatar a literatura na formação cristã”. No final, autografou livros. Ricardo levou o seu “Esquecidos e Superstimados”, em que Gurgel faz uma releitura de alguns dos principais prosadores do país. “Vou dar o livro autografado ao meu irmão Miguel, que me apresentou o professor Rodrigo lá em São Paulo”, contou Ricardo, pais de cinco filhos, quatro deles estudantes do colégio.
Justamente a releitura e o olhar crítico tão presentes em suas obras foram as dicas de Gurgel para os pais preocupados com a formação cristã dos seus filhos e com a escolha das obras literárias. “Não podemos nos entregar sem reservas à literatura pagã, mas devemos absorver o que tem de bom e de útil e devemos rejeitar o que não é bom. Se educamos nossa percepção às coisas belas, aprendemos a encontrar Deus na beleza”, ressaltou. Ele explicou que é necessário dar um voto de confiança para a literatura, sabendo escolher as boas obras, como fez a Igreja Católica desde o início. “A Igreja devolveu a cultura dos povos transformada na fé cristã. A Igreja sempre soube introjetar a semente do cristianismo na cultura”.
Gurgel ressaltou que o fundamental é a formação cristã, o olhar cristão para obras que têm beleza, mesmo que sejam pagãs. Citou livros importantes para auxiliar nessa formação:
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A Beleza Salvará o Mundo. Redescobrindo o Homem Numa Era Ideológica, em que Gregory Wolfe mostra como eruditos e escritores e artistas cristãos no transcorrer do séc. XX conseguiram dialogar com a cultura neo pagã, do mundo, absorver e transformá-la em favor do cristianismo.
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Chorar por Dido é Inútil: Santo Agostinho, As Confissões e o Manejo da Literatura Pagã, em que Hugo Langone mostra como Santo Agostinho soube absorver a literatura pagã
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Em Carta aos Jovens Sobre a Utilidade da Literatura Pagã, São Basílio de Cesaréia, já no século IV, bem antes de Santo Agostinho, defende a função preliminar da literatura pagã na formação cristã.
O centro do julgamento de São Basílio de Constantinopla reside na beleza. A beleza da literatura pagã fortalece no que é bom. Gurgel cita São Basílio também ao lembrar que “quando estamos treinados a apreciar a beleza, é hora de mergulharmos na Sagrada Escritura, olhar direto na luz”.
“O caminho do cristão do mundo não é de fechar os olhos para as coisas, mas é o caminho da cautela”, disse o palestrante. Para ele, se a família está buscando a formação integral cristã não pode aceitar uma receita pronta. As etapas de uma receita de bolo não vão nos preparar para a complexidade dos problemas da vida contemporânea. “Seguir uma receita de que algumas coisas podemos ler e outras não só vai criar repetidores de regras. Precisamos de católicos maduros, conscientes, livres e que jamais percam a sua confiança na graça de Deus”, destacou. “O fundamental é que os pais leiam os livros antes de seus filhos e aí possam discutir sobre o conteúdo à luz da formação cristã”.
Gurgel citou como exemplo um escritor polêmico mas com muito conteúdo, Ernest Hemingway. “Ele produziu muitas coisas belas, era materialista, ateu, defensor da revolução comunista em Cuba e no final da vida se matou. Será que devemos ler? O primeiro gesto do sensor é dizer: pode parar”, provocou o professor, para, em seguida, citar dois dos contos do escritor norte-americano que instigam o leitor a pensar e a seguir o caminho do bem : Colinas Como Elefantes Brancos e As neves do Kilimanjaro.
“Se nós estamos no mundo temos que dialogar com a cultura do nosso tempo. Resgatar a literatura para a formação cristã significa dialogar mas não se submeter a ela, e sim a compreender e a transformar. Temos que fazer a crítica com coragem. No caso da escola não podemos seguir de maneira cega o que diz o livro didático. No caso da família, os pais precisam ler o livro e mostrar o que há de inaceitável ali”, resumiu Gurgel.
A apresentação e mediação da palestra foi feita pela professora de história e preceptora de alunas dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio da Unidade Mananciais, Stefani Onesko. “Já tive a oportunidade de participar de discussões literárias com o professor Rodrigo Gurgel em outras oportunidades e é sempre uma grande honra poder absorver tanto conhecimento”, disse Stefani.
Além da abertura, ela conduziu a parte final do evento, que teve muitas perguntas e elogios à palestra.
E assim, em grande estilo, o Lideranças do Amanhã, programa criado pela Associação de Pais do Colégio do Bosque Mananciais em 2017, chegou à sua 10ª edição cumprindo a missão de trazer pessoas que falem sobre temas que façam a diferença na formação das próximas gerações.
✍️Algumas indicações do professor Rodrigo Gurgel durante a palestra:
A Beleza Salvará o Mundo. Redescobrindo o Homem Numa Era Ideológica, Gregory Wolfe
Chorar por Dido é Inútil: Santo Agostinho, As Confissões e o Manejo da Literatura Pagã, Hugo Langone
Carta aos Jovens Sobre a Utilidade da Literatura Pagã, S. Basílio De Cesareia
De Ernest Hemingway, os contos: Colinas Como Elefantes Brancos e As neves do Kilimanjaro
Para saber mais sobre o trabalho de Rodrigo Gurgel, acesse: https://rodrigogurgel.com.br/